Fizeram de mim uma boneca de pano,
Quando ainda era criança inocente,
Ao invés de pano havia somente gente,
Causando em meu ser tamanho dano!

Fizeram de mim um brinquedo de cordas,
Quando era apenas uma menina pobre e doce,
Fazendo coisas ainda que de forma precoce.
Teu consciente sabe e também não concordas!

Fizeram de mim um parque de diversões,
Quando era ainda muito tenra e serena.
Como foi dura essa horrorosa cena,
Onde sofri as mais pavorosas emoções!

Fizeram de mim um poço de desejos,
Quando havia em mim apenas sonhos,
Sonhos de menina de olhos tristonhos,
Ser feliz era um dos meus ensejos!

Fizeram de mim um ser sofrido,
Quando em todos piores momentos,
Tão repletos de rejeições e tormentos,
Transformei-me num ser vil, fingido!

Fizeram de mim um bloco de gelo,
Quando tiraram de mim esperança,
A  doce inocência daquela criança,
De quem só queria amor e zelo!

Fizeram de mim uma pessoa adulta,
Obrigando-me sê-lo antes da hora,
Embora não o deixe de ser agora.
Tamanha é dor, nem tempo sepulta!

* Uma reflexão sobre a dor da menina que é  abusada todos os dias pelos seus familiares e pedófilos e, em especial, menina moradora de rua!

© SOL Figueiredo
11/07/2011 – às 18:35h – revisado em 24/07/2011 – às 12:15h